Liberalismo Clássico
A Teoria
Liberal ou também chamada de Idealista é a segunda a ser estudada nos cursos de
Relações Internacionais, ela tem como base para o seu desenvolvimento os pensamentos
iluministas, na qual os teóricos acreditam sim que por meio da razão possa se alcançar
uma sociedade perfeita. Os autores liberais defendem a reforma da compreensão
do Sistema Internacional anárquico, adaptando ele aos mandos do Direito e da Justiça.
Esta teoria tem como arcabouço teórico a
comunidade de normas, regras e ideias que são necessárias para a manutenção das
relações entre os Estados. A Europa desenvolveu o estudo da Teoria Liberal como
um meio de evitar que se repetissem as atrocidades da Primeira e Segunda Guerra
Mundial. Acreditando que a criação de uma Instituição Internacional pudesse
realizar o diálogo entre os Estados e assim evitar um novo conflito de extensão
global, como foram as Grandes Guerras.
O ex-presidente
americano Woodrow Wilson após o final da Primeira Guerra Mundial desenvolveu
uma espécie de “lista de conselhos” a serem seguidos pelos Estados. Nessa lista
ele descreve Quatorze pontos abrangendo cooperação e comércio para que se desenvolva
um Sistema Internacional mais seguro e próspero entre as nações. Os “Quatorze
pontos de Wilson” como veio a ficar conhecido, deu subsídios para a criação da
Liga das Nações a primeira organização internacional que antecedeu a ONU. A
Liga das Nações foi mal sucedida por diversos motivos na época, contudo,
forneceu bases experientes para a criação da ONU. Woodrow Wilson foi extremamente
importante para dar bases a Teoria Liberal.
Ela é
puramente Legalista, é embasada no Direito e no seu ideal de “Dever ser”, ou seja,
compreende que os homens e os Estados precisam de um norte para guiar os seus
comportamentos e ações. O comércio é um fator essencial para os teóricos liberais
argumentam que as guerras não passam de uma barreira que dificulta o alcance da
prosperidade econômica e política do Estado. Sendo assim a guerra é algo
terrível para todos, pois, o pilar comum que une os teóricos é a ideia de
comunidade, e o Direito e o Comércio teoricamente falando possuem essas bases
de relações cooperativas.
Dentro
da teoria a compreensão dos indivíduos e a sua natureza são extremamente importantes,
por que a causa e efeito de indivíduos e Estado é une. O teórico John Locke em
seus escritos argumenta que os homens nascem bons existindo apenas alguns
elementos de desvio de conduta, que se forem administrados da forma correta
pelas instituições e pelas leis, não irá afetar a liberdade do todo. Assim funciona
quase que como um “círculo virtuoso” de ações em conjunto no qual cada
indivíduo buscando o seu bem irá procurar cooperar com o outro e assim
estabelecer um cenário pacífico e próspero. Acreditam que essas ações forneçam os
valores e a expansão de princípios universais, como a liberdade e a
individualidade.
A
teoria possui a ideia de que a evolução da sociedade se dá pelo individuo e
suas ações, onde elas precisam gerar condições legais e legítimas para que o
progresso da sociedade seja alcançado. Como os indivíduos criaram o Estado para
administrar as relações humanas, é ele que tem o potencial de realização da
razão humana, logo tem como objetivo o progresso, a cooperação e a liberdade. Em
suma entendem que o Estado sendo formado por indivíduos e a sua natureza sendo boa
proporcionara um ambiente propenso à cooperação.
No
que toca a crença dos teóricos liberais de que a natureza humana é boa, não se
pode considerá-los “inocentes” digamos assim, por que esse é o entendimento de
muitos teóricos contrários a Teoria Liberal. Uma curiosidade é que da pra entender
por que a Teoria Liberal também é chamada de “Idealista”, pois acreditam na possibilidade
de uma Comunidade perfeita, onde todos cooperam entre si e a natureza humana é essencialmente
boa e não egoísta. Os Liberais compreendem claramente que os conflitos sempre
vão existir, porém, defendem que existam margens para o alcance da paz e da
ajuda mútua. Para que isso seja possível é preciso que as Instituições se organizem
e administrem os conflitos para que se atinja o bem comum.
Os
teóricos liberais possuindo a crença de que a natureza humana é boa argumentam
que ela passa por um progresso continuo, logo entendem que as ações das pessoas
refletem as ações dos Estados e que por fim os Estados são necessários para
regular as ações humanas. Pois afirmam que é dentro das instituições que são
concretizados os valores comuns de uma sociedade e que acabam por transbordar
esses valores no sistema internacional.
As Instituições
é um ator relevante da Teoria Liberal, tanto as Instituições internas quanto as
externas. As Instituições Internas são as que geram as mudanças de comportamentos
dos Indivíduos e a Instituições Internacionais são as que geram as mudanças de
comportamento dos Estados, para que a paz e a cooperação internacional sejam
alcançadas. O livro intitulado A Paz Perpétua de Immanuel Kant fornece grande
apoio teórico a Teoria Liberal neste sentido, neste livro ele argumenta sobre a
universalização de princípios que geram a construção de uma sociedade pacifica.
Ator Principal
É importante
entender que dentro da Teoria Liberal o ator mais relevante é as Instituições, são
elas que atuam no Sistema Internacional, elas podendo interagir de modo a gerar
um ambiente seguro e cooperativo. Logos eles entendem que existem diversas
forças legítimas espalhadas fora e dentro do Estado. As Instituições
Internacionais podem ser consideradas o ator principal, mas não o único, é
importante entender que apesar da Teoria Liberal não considerar o Estado como o
único ator das Relações Internacionais, ela entende a sua existência e não
desconsidera a sua importância.
Sistema Internacional
A
compreensão do Sistema Internacional para os Liberalistas é a de que as
Instituições são extremamente importantes para gerenciar as relações
interestatais, para que assim seja possível alcançar a cooperação em um sistema
internacional anárquico. Isso evitara um cenário rodeado de conflitos que
acabam por resultar em um jogo de Soma Zero. È importante que os Estados
possuam um regime Democrático, pois apenas esses Estados, consideram os Liberais,
podem gerar uma conjuntura que conduzira de modo espontâneo a cooperação e a
paz. Estados Democráticos têm como essência não atuar de forma agressiva, assim
a lógica é que Democracia é um mecanismo para propagar os princípios de paz.
Os
liberais acreditam que o fortalecimento das relações econômicas e
institucionais entre os Estados resultara em um sistema internacional menos
anárquico e mais dependente, próspero e pacifico. Essa interdependência
econômica, política, a disseminação da democracia e as instituições
internacionais geram uma Espiral de Cooperação. Esta espiral acaba por afetar
todo o Sistema Internacional e influenciando os Estados à gerar mais cooperação
de temas internos e externos As instituições e o comércio internacional
funcionam por que são meios que tornam o cenário internacional mais transparente,
pois, exigem tratados, burocracias e ambientes de discussões na qual os Estados
podem se subsidiar em casos de futuros conflitos de interesses.
Bruno Alves
Expoentes
John
Locke, Montesquieu, Marsílio de Pádua, John Stuart Mill, Thomas More, Abade de
Saint-Pierre, Jeremy Bentham, Immanuel Kant
Post baseado nos livros
CASTRO,
Thales. Teoria das Relações Internacionais. Brasília: Fundação Alexandre
de Gusmão, FUNAG, 2012. P. 338 - 342
MAGNOLI,
Demétrio. O mundo contemporâneo. 1996, p. 24-34
PECEQUILO, Cristina Soreanu. Introdução ás Relações
Internacionais. p 38 á 142.
Petrópolis: Vozes, 2004.
Livros Recomendados
Immanuel Kant - A paz perpétua
Thomas
More - Utopia em 1587
Marcílio
de Pádua - Defensor Pacis de 1324
Woodrow Wilson - Os quatorze pontos de Wilson
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